
Demorou anos até aparecer uma oportunidade, mas finalmente adquiri a primeira edição do clássico romance O Encontro Marcado (1956), de Fernando Sabino (1923-2004).
Tendo alcançado sua centésima (!) edição em 2018, com mais 500 mil exemplares vendidos até hoje, O Encontro Marcado saiu com a modesta tiragem de 3 mil exemplares – o que torna ainda mais significativa esta primeira edição.
No projeto gráfico, a capa remete à atmosfera das histórias do escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), autor que muito influenciou Fernando Sabino e cujo estilo se sente nas cenas mais sombrias d’O Encontro Marcado. Trata-se de proposta bem diferente da adotada pela Record, que passou a publicar a obra em 1977, com uma capa sob cujo fundo branco um rapaz caminha rumo ao leitor.
No conteúdo, trata-se de livro um pouco diferente do que passou a circular a partir da segunda edição (de 1957): adepto de dizer o máximo com o mínimo de palavras, o autor reescreveu o romance original, tornando-o mais conciso.
Foi a leitura desse romance que me fez, aos 17 anos, decidir ser escritor. Ao ter essa obra em minha estante, é como se um ciclo se fechasse.
O que virá agora? Não sei e nem me interessa. Melhor viver no presente que no futuro – como aprende o protagonista d’O Encontro Marcado, Eduardo Marciano, ao fim de sua jornada: “Não tinha importância também o que lhe aconteceria depois.”