A censura às obras de arte: uma ameaça real

No atual ambiente de polarização política, a censura às obras de arte do grupo antagônico já passa a ser defendida, de modo explícito ou não.

Era questão de tempo.

Desde que há artistas, há tentativas do Estado de controlá-los. O próprio Platão não escapou de defender isso: em A República, o filósofo defendeu que a arte deveria obrigatoriamente ser edificante, isto é, divulgar os valores endossados pelo Estado, com vistas em especial a uma boa formação dos jovens.

Essa exigência de conteúdo edificante é a base da atual arte oficial, ou seja, aquela incentivada diretamente pelo Estado.

O problema começa quando essa exigência, por pressões de setores da sociedade, passa a se estender também à arte não-oficial, que em tese não deve satisfações a ninguém exceto ao próprio artista.

No passado, essa ameaça à arte vinha em nome da defesa de valores conservadores, como religião, família etc.

Mais recentemente, a ameaça passou a vir também dos setores progressistas. Afinal, o que é o politicamente correto, tão em voga hoje em dia, senão o controle do discurso (a arte aí incluída) para beneficiar determinadas causas ou grupos?


A censura, claro, nunca se anuncia pelo nome. Ela se esconde sob a defesa de determinados valores ou grupos, em nome dos quais setores da sociedade pretendem controlar o que artistas dizem ou deixam de dizer.

O artista genuíno, no entanto, não se submete a nenhum controle de sua arte, não interessa quão meritórios sejam os valores e os grupos em jogo. Mesmo quando o faz, é por sua própria iniciativa e não pela subordinação a patrulhamentos de qualquer ordem.

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